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Jeff Goertzen: Pesquisa é fundamental para produzir um infográfico de qualidade



O californiano Jeff Goertzen é internacionalmente conhecido, em todos os meios, como guru da infografia há mais de 25 anos. Depois de dirigir vários departamentos de Arte, nos EUA e Espanha, e atuar intensamente como consultor de infografia, em mais de 70 redações em todo o mundo, ele não se cansa de ensinar a relevância da informação de qualidade, combinada com a ilustração para informar melhor através da infografia. Jeff atualmente trabalha no The Denver Post, no Colorado, e sua equipe de Arte acaba de ganhar dois prêmios de infografia, um de portfólio geral e outro individual, na categoria No Breaking News do concurso deste ano. Jeff encontrou tempo para responder algumas perguntas e apresentar os trabalhos premiados pela SND.

SNDL - Como o infografista deve fazer a pesquisa para um infográfico?

Jeff - Pesquisar bem as informações é fundamental. Sem boa informação, você não tem gráfico. A maior parte dos departamentos gráficos que eu trabalhei pelo mundo afora não fazem sua própria pesquisa para os infográficos. Nós não estamos no negócio para ser apenas artistas gráficos, nós somos jornalistas gráficos. Mas a maioria dos artistas não trabalha como verdadeiros jornalistas. Frequentemente você vê repórteres sentados em suas mesas esperando a informação cair na sua frente para escrever suas histórias. Isto é ridículo! Mas esse é o jeito em que a maioria dos artistas gráficos trabalha. Nós precisamos ser inovadores, ativos, e não esperar as informações chegarem até nós. Nós precisamos sair à luta e conseguir estórias para os gráficos. Quando eu cheguei ao The Denver Post como editor gráfico, a primeira coisa que eu fiz foi dar a todos os artistas o título de jornalista gráfico. Eu deixei claro para todos que a partir daquele momento nós íamos gerar nossa própria informação para os gráficos, quando possível, e escrever nosso próprio texto. Foi difícil para alguns aceitarem, mas é um procedimento padrão para todos nós agora.



P- Qual a importância de ter boas fontes e até visitar o site do evento ou fato?

R - Quando se vai às fontes, eu tenho uma regra simples. Eu quero informação de primeira-mão em nossos gráficos. Eu não quero pegar em off, textos da internet ou ouvir sobre alguma coisa em segunda mão. Eu quero falar com a fonte original. Se os meus artistas encontram informação na internet, eu quero que eles liguem para a fonte que pôs a informação no site e conversem com ela pessoalmente. Se há um acidente ou um tiroteio, quero que meus artistas se dirijam até a cena para descobrir, com testemunhas ou fontes policiais, o que realmente aconteceu. Nós trabalhamos com exatidão. E exatidão é o mesmo que credibilidade. Sempre conseguir informação de primeira-mão e creditar todas as suas fontes no gráfico. Sem exceções.




P- A solicitação e o esboço devem ter que ingredientes (melhor um desenho simples, combinação com imagens, ou uma mescla dos dois)?

R - Quando é preciso ilustrar um gráfico, eu escolho um estilo de desenho que funcione melhor com o tema. Existem casos em que o desenho à mão pode aderir melhor à dinâmica de um gráfico do que um desenho em 3-D. Algumas vezes fotografias podem funcionar melhor. Eu já usei fotos com ilustrações. Você pode usar qualquer combinação, desde que faça corretamente. Tudo depende do tema. No The Post, nós fazemos todo o tipo de estilos. Uma coisa que eu exijo de todos os meus artistas é esboçar idéias antes de ilustrar o gráfico.

P- Que cuidados devemos tomar ao redigir um texto (clareza, precisão, repetição do texto principal)?



R - O texto é provavelmente a parte mais negligenciada e difícil do gráfico, e é igualmente importante às imagens que ilustramos. A primeira regra que tenho em relação ao texto é mantê-lo curto. Ao todo, nossos gráficos têm em torno 30% de texto e 70% imagem gráfica.
Todos os nossos gráficos têm três tipos de texto:

a) A cabeça: Alguma coisa que seja inteligente e consiga captar a atenção dos leitores e faça com que eles queiram ler o gráfico.
b) A introdução: é o destaque da estória que transita dentro do que o gráfico está explicando
c) O texto gráfico: estes são os blocos de texto que nós usamos para carregar o leitor pelo gráfico. Este texto precisa ser curto, com uma ou duas frases.

Nunca use texto para preencher espaços vazios nos gráficos. Não use palavras extravagantes. Mantenha simples e conciso. Sempre deixar o texto dar suporte ao gráfico, não dominá-lo.

P - Como se combina o layout da página e o infográfico?


R - Um design ruim de uma página arruína um bom gráfico. A boa integração dos gráficos com as páginas é crucial e o designer da página pode ser o melhor amigo do jornalista gráfico. Quando nós fazemos um gráfico no The Denver Post, primeiramente nós tentamos decidir se o gráfico vai ser a principal arte na página. Se este for o caso, nós sempre fizemos um esboço de como nós gostaríamos que a estória e o título funcionassem com o gráfico, para assegurar que o gráfico vai ter uma boa exposição. Mas nós sempre falamos sobre o assunto com o design da página. Uma coisa importante para lembrar é comunicar ao designer o mais rápido possível.

P - Qual é a função do repórter, do editor e da pesquisa junto ao infografista na execução?

R - Nós gostamos de fazer nossa própria pesquisa para os gráficos, assim os repórteres e editores podem trabalhar melhor suas histórias. Frequentemente, os repórteres nos passam suas fontes e nós podemos telefonar para elas nós mesmo. Então existem vezes onde eles estão mais dispostos a nos ajudar com a pesquisa. Mas se o repórter está procurando em banco de dados ou relatórios financeiros, onde eles baseiam suas estórias nas estatísticas em que encontraram, é lógico que eles nos forneçam informações para os gráficos. Pode também haver vezes quando nós não podemos presenciar a cena, então telefonamos para o reporter, em seu telefone celular, para que ele trabalhe com o fotógrafo e consiga nos trazer qualquer detalhe visual que ele conseguir. Mas esta é a última opção. Nós todos trabalhamos juntos, como uma equipe, com repérteres e editores.


P - Qual é a função da cor para a eficácia da comunicação do infográfico?

R - Cor é um elemento fundamental para fazer a imagem visual acontecer. Cartas e mapas simples não perdem muito em preto-e-branco. Mas quando você trabalha com diagramas e ilustrações mais complicados a cor adiciona muita dinâmica ao gráfico. Eu também uso cor para mover os olhos dos leitores para o fundo ou para dar importância para alguns elementos do gráfico em particular. Minha regra é usar cores suaves para o fundo e cores dominantes para os elementos gráficos. Vermelho, eu uso para movimentar os olhos na diagonal ou como um ponto quente para chamar atenção. No The Denver Post, nós raramente temos cor dentro do jornal. Cor é somente nas capas das seções. Então, quando nós temos uma solicitação gráfica, nós estamos sempre competindo contra a fotografia e nós tentamos fazer nossos gráficos mais dinâmicos e informativos possível.



P - Como deve ser a correção e revisão do dados por um especialista?

R - Nós trabalhamos como um time no The Denver Post, e todos são envolvidos – do jornalista gráfico ao editor – para nossos gráficos serem conferidos. Todos os nossos gráficos passam por um processo de edição formal antes de ir para a página. Quando o material está pronto, eu o reviso para ter certeza de que todos os textos e imagens gráficas estão corretos. Com o material da fonte original anexado ao gráfico, segue para o repórter e para a editoria., Assim eles podem tirar a prova e ter certeza que coincide com a matéria. Eles fazem a correção, assinam e devolvem o gráfico ao departamento de arte.

P - Qual a importância da cultura visual dentro da Redação?

R - Você pode ter departamentos gráficos que tem potencial para fazer os melhores gráficos do mundo, mas se você não tem uma equipe de jornalistas que vai trabalhar como um time, talvez você nunca veja seu melhor trabalho publicado. Eu trabalhei com mais de setenta redações ao redor do mundo e nunca vi nenhuma ainda que seja visualmente culta. Quando eu cheguei pela primeira vez no The Denver Post meu objetivo principal foi me tornar o melhor amigo dos integrantes da Redação e ensiná-los a pensar visualmente. Isso significou muitas pausas para o café para discutir idéias. Todos os departamentos gráficos deveriam fazer de sua prioridade tornarem-se aliados dos profissionais de texto da Redação. Fale a eles o quanto você gosta da sua matéria, Complemente-o. Discuta com eles as idéias sobre gráficos que você tem que possam se tornar boas matérias. Você ficará surpreendido com o quanto isso funciona bem.

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