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INFOGRAFISTAS (2) Alvim, O Globo, Rio de Janeiro

SND Latina dá seqüência à seção INFOGRAFISTAS que busca mostrar os trabalhos e os conceitos daqueles profissionais dedicados a combinar informação com ilustração. Desta vez apresentamos o trabalho de um brasileiro.
Alessando de Castro Alvim, o Alvim, é Editor Assistente de Arte do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, ao lado do colega Fernando Alvarus. Graduado em Belas Artes pela UFRJ, Alvim passou pelo Jornal dos Sports, Tribuna da Imprensa, O Dia, Jornal do Brasil e revistas Veja-RJ e Ciência Hoje e chegou ao Globo há dez anos.

Alvim coleciona prêmios, entre eles destaca-se a medalha de bronze, em 2001, no Prêmio Malofiej/SND-E (infográfico na categoria breaking-news sobre a queda do Concorde, de autoria conjunta com Cida Calu e Renato Carvalho, publicado abaixo ); e em 2002, a menção honrosa no Prêmio SIP (infográfico sobre o palco do Rock in Rio produzido em dupla com Alvarus). No ano passado obteve o Prêmio Esso de Criação Gráfica na categoria de jornal (em conjunto com Télio Navega, Marcelo Monteiro e Antônio Nascimento).



Alvim , que também é ilustrador da página de Opinão de O Globo, às segundas-feiras, responde algumas questões sobre seu ofício e explica por que compara sua função a de um cowboy.




1. Pela sua experiência o que mais chama a atenção dos jurados da SND em termos de arte, ilustração?
Tenho a impressão que quando ocorre o julgamento das páginas, fotos e infográficos; em primeiro lugar o material tem de ter impacto visual e em segundo tem de ter informação, tem de informar ao leitor. Mas, também tenho a impressão que quando o julgamento é exclusivamente de ilustração, leva-se muito em conta a qualidade, o apuramento da técnica empregada. Creio que esse tipo de julgamento pode levar a distorções.

2. Existe uma característica da arte/ilustração dos jornais latinos em relação aos outros países?
Me passa a impressão que os ilustradores europeus e, principalmente os americanos, estão muito ligados a um estilo publicitário. Um ilustrador desenha, por vezes, em estilos bem diferentes. Não que isso diminua o seu trabalho. No Brasil e na América Latina, eu vejo um trabalho editorial e autoral mais forte.

Se olharmos o continente latino encontramos os desenhistas mexicanos com uma herança muralista grande; temos a carga gráfica dos povos andinos; temos na Argentina uma fabulosa formação acadêmica no séc. XIX que resultou em uma indiscutível elegância gráfica para os ilustradores hermanos; e no Brasil temos uma herança da charge e do portrairt-charge, que para citar alguns nomes, começa no século 19 com Angelo Agostini e segue pelo início do século 20 com Guevara, Figueroa, Nássara, J. Carlos, no período da ditadura e pós-ditadura para cá com Trimano, Cássio Loredano, Ziraldo, Chico Caruso, Paulo Caruso, entre outros, e até os dias de hoje com caricaturistas como Lula, Cavalcante e o novato Leo Martins.

Mas a ilustração editorial brasileira também tem uma herança gráfica especial, para citar um nome, acho espetacular os desenhos para imprensa que Luis Trimano desenvolveu fora do seu trabalho com caricatura".


3. Com é o seu processo de criação após receber o texto ou o pedido para ilustrar uma matéria no jornal. O que vc extrai do texto, do título e etc para fazer seu trabalho...
O texto e a ilustração são irmãos, mas não escravos um do outro. A ilustração pode ser narrativa, mas não deve ser uma tradução literal do texto.
Atualmente eu ilustro a página de artigos, que é um espaço do jornal para o debate geral de temas de atualidade, onde o desenho pode ser um pouco mais hermético - ou lírico - e que não interfere na compreensão do conteúdo pelo leitor.

Por exemplo, um dia, para ilustrar um texto sobre a votação da CPMF (imposto sobre a movimentação finaceira) no Congresso Brasileiro, eu desenhei uma luta entre um animal medieval e uma figura mítica.

O que, em verdade, é o que ocorre. O governo tenta aprovar, a todo custo ,e a oposição tenta barrar a todo custo. É uma batalha. Nessa situação seria mais fácil desenhar dois políticos, mais para quê... o que isso acrescentaria à página

4.Você prefere ilustrar que tipo de textos, assuntos ou cadernos do jornal e como decide a técnica?
Acredito que o ilustrador ao longo da carreira vai ganhando um repertório de recursos gráficos que ele emprega no dia-a-dia sem desvirtuamento ou sair do seu conceito de trabalho. Ele aprende a facilitar o trabalho todos os dias. Como diz um amigo meu (o caricaturista Cavalcante), o ilustrador é um cowboy que, para a arma sair mais rápida, passa graxa no coldre

5. Como você vê o papel da ilustração nos jornais de hoje, especialmente no Globo.
Vejo como muito importante. Serve como diferencial entre as publicações no jornalismo do Brasil. Hoje a velocidade da informação permite aos jornais terem um material fotográfico muito semelhante.

Por exemplo: no acidente do avião da Tam em São Paulo, todos os jornais tinham imagens dos destroços do hangar, do avião, mas o que poderia diferenciar a edição visual de um ou de outro jornal?

Primeiro, a edição fotográfica e o aproveitamento desse material ao longo da edição; segundo, os infográficos para esclarecer, didaticamente para o eleitor, como foi que acidente ocorreu. É nesse ponto que o diferencial de um jornal com ilustradores e infografistas aparece.




Mestre de bateria (2007)


Autores: Alvim e Fernando Alvarus.

Procuramos mostrar como é o trabalho dessa pessoa que comanda 1.500 ritimistas na avenida durante o carnaval. Como ele rege essa gente?

Essa foi a idéia do infográfico. Para tanto, elegemos dois mestres para entrevistar e decifrar os códigos da bateria. Entrevistamos o mestre Ciça (considerado o melhor mestre entres os mestres de bateria) e o mestre Celinho (revelacão do Carnaval de 2006).


Romário (2007)


Autores: Alvim e Renato Carvalho.

Quando o Romário marcasse seu milésimo gol, nós sabíamos que mundo daria uns gráficos com a numeralha básica do artilheiro. Sabendo que a edição do dia segunte estaria cheia de fotos dele, decidimos fazer um infográfico com a silhueta do craque e, nessa silhueta, estaria a informação gráfica principal: a divisão dos gols que ele fez em cada time, ilustrando com as cores características de cada clube. Complementa o infográfico um resumo da carreira e os gols na seleção que ele, Romário, acha mais importante e mais bonito.


Brasil 1 (2006)

Autores: Alvim e Renato Carvalho.

O info mostra como era o Brasil 1, o barco brasileiro na Ocean Race. O trabalho mostra o barco por dentro, como ele foi construído e, também, como é disputada a competição. Para isso visitamos o barco e entrevistamos a equipe na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.



Getulio (2004)


Autores: Alvim e Renato Carvalho.

No caderno especial sobre os "50 anos da morte do ex-presidente Getúlio Vargas", nossa idéia era mostrar como foi a última noite até o disparo fatal em seu quarto no Palácio do Catete. Para reconstruirmos os momentos finais do suicídio, ouvimos o segurança que, na época, esteve presente à reunião ministerial e acompanhou Getúlio até o quarto na noite da morte. Ouvimos familiares vivos, pesquisamos o relatório da investigação criminal sobre o suicídio, além de entrevistas pesquisadores para a montagem do info acima.



São Sebastião (2003)


Autores: Alvim, Fernando Alvarus e Renato Carvalho.

Todos os habitantes do Rio de Janeiro sabem que São Sebastião é o padroeiro da cidade, mas nem todos sabem quem foi ele.

A idéia desse info era mostrar a história e a vida do padroeiro, através de desenhos que se assemelhassem a vitrais ou mosaicos. Além de realizar uma pesquisa histórica e iconográfica, entrevistamos o Frei que é o atual responsável pela Paróquia de São Sebastião. Ele é autor de um estudo acadêmico-teológico sobre o santo que nos ajudou na compilação dos dados históricos do trabalho publicado no jornal.

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